segunda-feira, 23 de maio de 2011

ÁGUA VIVA - TEXTO

ÁGUA VIVA





A água-viva é provavelmente uma das criaturas mais estranhas e misteriosas que você poderá encontrar. Com seu corpo gelatinoso e seus tentáculos bamboleantes, ela se parece mais com algo de um filme de terror do que com um animal de verdade. Mas se conseguir deixar a estranheza de lado, e o fato de que se você chegar muito perto de uma água-viva resultará em uma ardência terrível, irá descobrir que ela é muito fascinante. A água-viva existe há mais de 650 milhões de anos e é representada por milhares de espécies diferentes, sendo que novas espécies são descobertas a todo o momento.

Imagem cedida por Kevin Connors /MorgueFile
As águas-vivas são animais marinhos, que variam de tamanho, podendo medir de menos de 2,5 cm a cerca de 2m, com tentáculos chegando até a 30,5 m de comprimento. Embora muitas sejam planctônicas, ou seja, sua locomoção depende da mercê das correntes ou é tão limitada que não podem vencê-las, algumas água-vivas conseguem nadar lançando um jato de água.
A água-viva faz parte do filo dos Cnidários, (da palavra grega "urtiga que queima") e da classe dos Cifozoários (da palavra grega "xícara ou taça", referindo-se ao formato do corpo da água-viva). Todas as espécies dos cnidários têm uma boca no centro do corpo, e envolvida por tentáculos. Outros cnidários, parentes da água-viva incluem corais, anêmonas do mar e a caravela-portuguesa.
A água-viva é composta por cerca de 98% de água. Se ela encalhar na praia, praticamente irá desaparecer à medida que a água evaporar. A maioria é transparente e tem o formato de um sino. Seu corpo tem simetria radial, o que significa que os membros se estendem de um ponto central como os raios de uma roda. Se você cortar uma água-viva pela metade em qualquer ponto, sempre terá partes iguais. Ela tem um corpo muito simples: não possui ossos, cérebro nem coração. Para ver a luz, detectar odores e se orientar, a água-viva tem nervos sensoriais rudimentares na base de seus tentáculos.










O corpo da água-viva geralmente é composto de seis partes básicas:
• aepiderme, que protege os órgãos internos;
• agastroderme, que é a camada interna;
• amesogléia, ou parte gelatinosa intermediária, entre a epiderme e a gastroderme;
• acavidade gastrovascular, que funciona como um conjunto do esôfago, estômago e intestino, tudo em um só;
• umorifício que funciona como boca e ânus;
• tentáculos que formam a extremidade do corpo.
Uma água-viva adulta é uma medusa, que recebeu este nome por causa de Medusa, a criatura mitológica com cobras no lugar do cabelo, que poderia transformar os seres humanos em pedra com um simples olhar. Depois que o macho libera seu esperma na água por seu orifício, o esperma nada até o orifício da fêmea e fertiliza os óvulos.


Várias dezenas de larvas de água-viva podem ser concebidas de uma só vez. Finalmente, elas flutuam nas correntes e procuram uma superfície sólida para se fixarem, como uma rocha. Ao se fixarem, elas se tornam pólipos, cilindros ocos com uma boca e tentáculos na parte superior. Posteriormente, os pólipos se desenvolvem em uma água-viva jovem, chamada éfira. Depois de algumas semanas, a água-viva se desprende e se desenvolve, tornando-se uma medusa adulta. Uma medusa vive cerca de três a seis meses.
Quando a água-viva ataca!
Parece algo extraído do filme "Godzilla": monstros marítimos gigantes invadiram os mares do Japão. Eles têm 1,82 m de comprimento e pesam até 225 kg. Eles causaram danos à indústria pesqueira nacional e infligiram algumas fisgadas mortais nos seres humanos. Eles foram responsáveis até pelo desligamento temporário de uma usina de energia nuclear depois que entraram no seu sistema de resfriamento. Essas criaturas eram águas-vivas, que os japoneses chamam de echizenkurage. Alguns especialistas atribuem o influxo de águas-vivas às chuvas pesadas na China, que direcionaram as criaturas marítimas para os mares do Japão. Felizmente, os japoneses encontraram uma utilização para as diversas águas-vivas enormes que capturaram: água-viva desidratada e salgada. Está servido?

A ÁGUA VIVA E O EVOLUCIONISMO
O primeiro animal a surgir na Terra foi a água-viva-de-pente que vagueia no oceano, e não a simples esponja, de acordo com uma nova descoberta que tem chocado os cientistas que não imaginavam que a primeira criatura pudesse ser uma criatura tão complexa. O grande problema dessa descoberta é que as águas vivas são mais complexas que as esponjas, há muito tempo consideradas como os animais mais primitivos porque não dispõem de tecidos e órgãos. Colocar uma água viva na base da árvore de Darwin leva o mistério da evolução dos tecidos complexos para um passado que não pode ser observado.CaseyDunn, membro da equipe de estudo da Brown University, em RhodeIsland, diz que as antigas água-vivas provavelmente pareciam diferentes das atuais.

"Isto foi um choque completo", disse CaseyDunn "Tão chocante que inicialmente pensamos que alguma coisa tinha corrido muito mal."

A equipe de Dunn verificou e voltou a verificar os seus resultados mas acabavam por obter sempre os mesmos resultados: a água-viva-de-pente surgiu primeiro. Os resultados estão detalhados na edição da revista Nature de 10 de Abril, uma revista que, como a maioria das revistas respeitadas, exige que outros cientistas façam uma revisão ao trabalho antes dele ser publicado. A descoberta foi inesperada porque os biólogos evolucionistas pensavam que animais menos complexos tinham-se dividido primeiro e depois evoluído separadamente. Dunn diz que dois cenários evolutivos podem explicar porque as águas-vivas-de-pente teriam sido realmente as primeiras entre os animais. O primeiro cenário é que a água-viva-de-pente teria evoluído a sua complexidade de forma independente de outros animais após se ramificar para formar o seu próprio caminho.
O segundo é que a esponja evoluiu a sua forma mais simples a partir de uma forma de vida mais complexa. Esta segunda possibilidade sublinha o fato de "evolução não ser necessariamente apenas uma marcha em direção a uma complexidade crescente", disse Dunn.
Cada vez mais a tal árvore da vida de Darwin está mais para um gramado com a criação repentina de diversos animais segundo a sua espécie.